Com o militarismo na década de 60 no Brasil, acabou-se com a livre expressão em todos os sentidos. Dos grandes jornais às tradicionais reuniões no Jokey Club, toda forma de comunicação formal ou informal era alvo de fiscalização governamental. A geração ativa nesta década, lutou contra a repressão e conquistou ampla liberdade a partir dos 80. Os jovens que nasceram após essa época naturalmente não precisaram lutar pelos seus direitos. A liberdade de ir e vir, dizer, comentar e emitir opinião sobre assuntos de qualquer natureza lhes é nata. Por sua vez, a geração que lutou contra o regime nos anos 60, vítima de grande saudosismo, sente-se dona do direito de expressar-se. Isso dificulta a formação e emissão de um posicionamento por parte da juventude em temas de cunho “generalista” que envolva a sociedade ou futuro deles próprios.
No entanto, a internet é funcional no sentido de proporcionar um espaço (ou vários) para exposição de opinião, nas redes sociais a liberdade de expressão é total, ou pelo menos deveria ser. O mesmo raciocínio não é válido quando envolve os famosos. Se a jornalista Renata Capucci da Rede Globo chegasse num salão de beleza e dissesse que a cantora internaciona, Mariah Carey está gorda, nada aconteceria. Contudo, Renata fez isso no Twitter (uma rede de micro-blogs na internet) e foi achincalhada pelos fãs e simpatizantes da cantora. Por fim a jornalista excluiu sua conta e criou outra com conteúdo protegido.
A Constituição Federal de 1988 prevê no seu artigo 5º, inciso IV, a livre manifestação do pensamento desde que a pessoa identifique-se. Ou seja, Capucci não cometeu nenhum crime ao comentar o estado físico da cantora. Mesmo assim, eu vários comentários ofensivos, sem contar que sites especializados em fofocas publicaram manchetes como: "A jornalista Renata Capucci ofende astro internacinal no Twitter", "Renata Capucci declarou 'Mariah está gorda!'". Hoje a opinião tornou-se algo complicado, pois muitos querem emitir e poucos querem escutar a resposta.
Nessa “era da comunicação digital ”, criou-se a falsa ideia de que as redes sociais acabaram diminuindo o contato físico entre as pessoas. O que é algo objetável. Pesquisas indicam que os jovens namoram muito mais hoje, e além de tudo, trocam de parceiros(as) com maior frequência do que nas últimas duas décadas. Talvez o contato físico entre os familiares e relacionamentos considerados comuns, estejam atrofiando-se. Isso não é a mesma coisa que afirmar que os jovens não procuram os seus. Ainda se tem o conceito de que a internet é uma rede de computadores, na verdade é uma rede de pessoas.